"Ele não é um Pimenta Neves, ele é pobre", diz advogada de Lindemberg



A advogada Ana Lucia Assad afirmou durante sua argumentação de uma hora e meia, nesta quinta-feira (16), que  seu cliente Lindemberg Alves só é "a bola da vez" da imprensa porque é pobre.
- Ele é a bola da vez porque ele é pobre. Ele não tinha respaldo como o Pimenta Neves teve para aguardar a decisão da Justiça em prisão domiciliar como o Pimenta Neves. Ele é morador de periferia.
Para Ana Lucia, o caso é uma "aberração judicial" porque Lindemberg tinha todos os requisitos para responder ao processo em liberdade ou prisão domiciliar. Segundo a advogada, "depois que ele foi manchado pela imprensa" nenhum juiz teria coragem de ir contra ao clamor popular e deixar Lindemberg livre.
De acordo com a defensora, o episódio foi um verdadeiro "reality show criminal", que quanto mais aumentava o Ibope, mais a situação de Lindemberg se complicava.
-  Ele estava num grau de estresse, pressionado pela mídia. Ele não teve um minuto para tomar a decisão correta. O telefone dele não parava de tocar. Eu sei bem o que é isso. A imprensa não para de me ligar, nem quando estou no Tribunal do Júri.
A defensora chegou a afirmar que a imprensa e a Polícia Militar seriam as "responsáveis morais" pela tragédia ocorrida no apartamento de Eloá Cristina Pimentel em Santo André, no ABC paulista, em outubro de 2008.

- Judicialmente, não posso colocar imprensa e PM ao lado dele [Lindemberg]. Mas moralmente, eu posso [...] Esse caso só é esse caso por causa da repercussão da mídia. Eu acho que não deveria ter algo mais importante para eles noticiarem [na época]. Mas isso é só um desabafo.
Em relação à atuação da polícia, a defensora disse que a ação do Gate foi tão criticada que soube que família de Eloá chegou a pensar em processar o Estado.
Sem intenção 
Ana Lucia disse em sua argumentação aos jurados que decidirão o futuro de Lindemberg Alves que não vai pedir a absolvição de seu cliente porque ele "tem que pagar pelo que realmente fez". A defensora reconheceu que Lindemberg é culpado pela morte de Eloá, mas disse que ele não tinha a intenção de cometer o crime. Ela pediu para que seu cliente seja condenado por crime culposo, e não doloso (quando há intenção). A característica "dolosa" de um crime aumenta a pena do culpado.

- Não vou santificá-lo ou canonizá-lo. Ele tomou decisões erradas e tem que pagar, mas com uma medida justa. Não como um bode expiatório [...] A defesa não está pedindo para absolvê-lo, que ele tem que sair daqui de mãos dadas comigo, absolvido, e dar entrevistas a imprensa.

Para defender seu pedido de que Lindemberg responda por crime culposo, Ana Lucia chegou a contradizer por duas vezes o depoimento de seu próprio cliente. Enquanto Lindemberg afirmou, na quarta-feira (15), que Eloá não sabia que ele apareceria no apartamento no dia em que começou o cárcere, a advogada falou o contrário (afirmou que a adolescente sabia do encontro); em outro momento, Ana Lucia disse que o réu levou o irmão de Eloá para um lugar afastado para poder ter privacidade com sua ex-namorada, Lindemberg falou o oposto em seu depoimento.

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