De volta à Enterprise

Há um momento de “Star Trek - Além da Escuridão” em que o vilão interpretado por Benedict Cumberbatch vai para o primeiro plano e contorce a boca e revira os olhos, num exagero evidente, mas que expressa o ódio que o consome. Um bom vilão é sempre uma ferramenta indispensável na ficção. Um grande vilão está sempre na origem de um grande suspense, dizia Alfred Hitchcock, mas ele fazia a ressalva importante. Por mais terrível que seja o vilão, por mais lograda que seja a sua construção, não é com ele que o espectador se identifica. O vilão existe sempre para realçar o herói, e o de “Além da Escuridão” não é apenas um. São dois. Na abertura, o jovem Kirk rompe o protocolo e arrisca sua nave e a tripulação numa manobra arriscada para salvar a vida de Spock. No desfecho, Spock, que não é um homem de ação, mas de reflexão, arrisca tudo para retirar Kirk de entre os mortos e devolver-lhe a vida.

Star Trek cria um ambiente de estrutura mais dramática para a ligação entre Kirk e Spock

J.J. Abrams tem feito coisas extraordinárias, ao longo de sua carreira. Na TV, criou a série “Lost”, que virou cult. No cinema, fez talvez o melhor episódio de “Missão Impossível”, o 3, e também criou o melhor vilão da série, interpretado por Philip Seymour Hoffman. 

J.J, reinventou a série “Star Trek”, voltando às origens criou uma estrutura mais dramática e humana para a ligação de Kirk e Spock, baseada na amizade e no respeito, mas fundada sobre uma rivalidade. Kirk brigou naquele bar, no filme anterior, por Uhura, mas ela escolheu Spock.

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